sexta-feira, 25 de junho de 2010

Bem amigos

Vamos falar da copa. Vamos deixar, apenas por um tempo, a bandalheira da política no Paraná, a tragédia causada pela chuva lá pra cima e outras coisas menos sérias do que a performance da seleção brasileira na copa do mundo. Aliás, não vamos falar da seleção brasileira. Vamos falar da briguinha entre o Dunga e a Globo.

Há tempo que a Globo faz esse papelzinho de jogar a população contra alguém a quem ela escolhe, sei lá por quê. Ainda bem que eles são muito pé-frio. Vamos relembrar.

Início da década de 1990 – A globo rotulou o Collor de tal forma que até a minha mãe achava ele “bunitinho”. Resultado: Ele foi eleito e logo foi deposto.

Depois veio o outro Fernando, o Henrique, que a Globo puxou o saco até perceber que a precisava apoiar alguém do povão. E então deu-se a luz ao filho do Brasil. Sim, Lulinha paz e amor. Opa! Eu havia dito que deixaria a política de lado e escreveria sobre o comportamento do técnico mais visado do mundo e a rede de tevezona do Brasil. Então vamos lá.

Pouco me interessa quem tem razão. Mas que papelzinho de ambos. De um lado a Globo tentando jogar o povo contra o treinador da seleção por que ele é autêntico e não fica “babando ovo” da emissora. Aliás, só a Globo ainda acha que todos têm que dizer amém para tudo que deles. Apesar de os repórteres da emissora, nacionais e regionais (sem generalizar, claro), ainda acreditarem fielmente que podem fazer o que bem entendem. Do outro lado, o Dunga se deixando levar pelas provocações e fazer jus ao apelido que tem, e ficar resmungando palavrões em plena entrevista coletiva, para o mundo todo. Quer chamar a atenção? Faça como os EUA ou Japão. Surpreenda em campo.

Ah! Ia me esquecendo de citar a campanha da Globo contra o pé quente Lobo Zagalo, que aliás, mais um exemplo de que a emissora é pé-fria. Tiveram que engolir...

domingo, 25 de abril de 2010

Enfim, o fim da máfia Curiana

A prisão dos diretores da Assembleia Legislativa do Paraná era uma “tragédia anunciada”. Tragédia para àqueles que adoram encher a boca para dizer que tudo na política sempre acaba em pizza. Mas o bibinho não é o imperador do mal. Ele apenas focou sem liderança, sem alguém que avalizasse todo o seu esquema depois que o grande chefe Curi o deixou.

Depois da morte do big boss, era apenas uma questão de tempo para alguém ter que explicar como foi possível transformar cerca de R$ 9 mil mensais de salário em milhares de hectares e outras milhares de cabeça de gado Brasil a fora. Isso sem falar na pilha de dinheiro que foram encontrados debaixo do colchão do bibinho. Aliás, político brasileiro é um sujeito nostálgico e romântico na hora de cometer seus delitos. Eles ainda se espelham nos filmes de faroeste para transportar ou esconder o objeto do furto. São malas tipo 007, colchões, meias e até cuecas. Cômico se não fosse trágico.

Como bom e orgulhoso brasileiro, torço para que seja esse o momento tão sonhado do Brasil passado a limpo. Ao contrário do que pensam, não desejo ver políticos entrando em camburões invocados da Polícia Federal. Sonho com o dia em que verei políticos disputando prêmios Nobel, sendo exemplo para outras nações. Utopia? Talvez. Mas enquanto esse dia não chega, me contento com a cara de pau do bibinho sendo preso de cabeça erguida.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vagas para diversos cargos, sem experiência, sem escolaridade. ÓTIMOS SALÁRIOS!

Estamos de volta. Peço desculpas aos amigos frequentadores da casa que, por vezes, dão o ar da graça e nada encontram de novo. Pois é, ninguém me tira da cabeça que o os dias estão, sim, passando mais rápido e, quando vemos, meses se foram e nenhum texto foi pro papel. Não que me falte assunto para "babosear" aqui na casa. Pelo contrário, o comportamento humano, prato principal desse humilde lar, diariamente traz coisas e fatos interessantíssimos. Notórios, desconhecidos, eu mesmo. Todos acabam por passar aqui vez ou outra. Basta fazer algo que mereça ser destacado, ou enxovalhado.

E por falar em enxovalhos, eu passei o carnaval ensaiando uma marchinha de volta a casa, e o tema, claro, a prisão do governador do Distrito Federal, o José Roberto que mesmo com arruda no nome, não escapou do olho gordo e cego da justiça. Justiça, aliás, que só o prendeu por que ele atrapalhou o andamento das investigações, não pela roubalheira explicita que acompanhamos. Até por que, corrupção no Brasil não é crime, é apenas notícia. Mas quando eu estava finalizando a marchinha pós-carnaval que receberia o título de “luz no fim do túnel”, eu me deparei com uma lista de cargos e salários do Tribunal de Justiça do Paraná, divulgada num jornal da capital deste estado. A lista tem tantos zeros que taparam o túnel, e lá se foi a luz.

Imaginem vocês, milionários cidadãos, - sim, pois são vocês que pagam essa coisa toda – que os menores salários desta instituição são de míseros R$ 4,7 mil, que são pagos para os colegas jornalistas que atuam na assessoria de imprensa do TJ. Subindo um pouco na escala hierárquica de proventos, o pessoal da limpeza, que outro dia foi citado pelo apresentador da Band, Bóris Casoi, como sendo o mais baixo escalão da cadeia profissional, aqui no TJ do Paraná recebem apenas R$ 5 mil por mês. Mais a frente vem aqueles que tem uma função de suma importância e que, se faltassem ao serviço, nenhum outro funcionário poderia exercer sua função. Eles são os ascensoristas de elevadores e ganham pouco mais de R$ 6 mil. Já pensou se todos os funcionários da casa tivessem que apertar um botão para subir os quatro ou cinco andares do prédio, vai ser uma confusão danada até eleger um dos dez dedos das mãos para apertar o tal botãozinho que, por acaso, leva o número do destino desejado. Adiante vem o pessoal dos carros. Mecânicos e motoristas que recebem mensalmente próximo de R$ 10 mil. Daí pra cima você pode imaginar o quão bem investido está o seu fácil dinheirinho meu nobre e abastado cidadão. São telefonistas de R$ 13 mil, economistas de R$ 20 mil, juízes e desembargadores de R$ 30 mil, oficiais de justiça de irrisórios R$ 60 mil e um tal de escrivão cível que recebe a bagatela de R$ 100 mil a cada mês que se inicia.

Eu fico imaginando o que pensa de mim a famigerada Receita Federal, quando nota que eu pago tão bem assim meus funcionários. Me admira eles ainda não terem me chamado para explicar de onde vem tanto dinheiro. Logo a receita que é sempre tão rígida com os cidadãos. Eu não saberia explicar ao leão por que a minha renda anual é tão baixa e, mesmo assim, eu pago tão bem aos meus colaboradores. Na dúvida, vou apelar para o reconhecimento. Se me questionarem eu direi que pago bem todas essas pessoas que trabalham no Tribunal de Justiça da minha empresa estado, pelo simples fato de que acredito no trabalho da JUSTIÇA.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um conto de natal

_Se você for um bom menino, o papai noel vai te trazer um presente.
_Se você tirar boas notas, o bom velhinho vai te dar um brinquedo.
_Se você obedecer o papai e a mamãe, ganha presentes no natal.

Toda criança já deve ter ouvido esses sábios, porém, chantagiosos conselhos.

Infelizmente não são todas as crianças que já ouviram isso. Muitas crianças ouvem apenas ordens de adultos covardes disfarçados de pais, que trocam os cadernos por enxadas, e a sala de aula por fábricas de tijolos ou lavouras de cana.

Trabalho infantil é crime. Mas isso todos sabem e até se dão ao luxo de ficar indignados quando a cena de uma criança cortando cana ou quebrando pedras invade o noticiário no horário nobre. Imediatamente cobramos pena máxima para os exploradores. Sejam eles os patrões ou os genitores.

Porque não nos indignamos na mesma proporção com a quantidade cada vez maior de crianças que são exploradas nos cruzamentos das grandes cidades. A mendicância infantil nos faróis também é crime. Uma criança vendendo balas, fazendo malabares ou apenas pedindo esmolas no sinal, diuturnamente, é tão ou mais cruel quanto a escravidão da lavoura ou das olarias. Mas quando nos indignamos com essa prática, punimos com a contribuição de uma moeda.

Nessa época do ano então, quando ficamos mais generosos, a covardia aumenta. Na cidade de São Paulo, há provas cabais de muitas famílias que migram do interior nos fins de semana, após longa e dura jornada de trabalho na roça, para entregar seus filhos a sorte das esquinas da cidade grande. Essas crianças passam horas sob sol ou chuva, entre um carro e outro, a mercê da maldade, da violência, do aliciamento do tráfico, da prostituição e do sentimento de culpa ou medo dos motoristas que se desfazem das moedas deixadas nos consoles, na crença de que estão fazendo algum tipo de caridade.

De quem é a culpa?

Dos pais que, sem saída para driblar a fome, descobriram que cada criança pode render cerca de dois mil reais por mês num bom ponto de coleta de esmolas? Dos generosos motoristas que se comovem com o rostinho triste, sujo e machucado que bate na janela clamando por um trocado?

NÃO!! A culpa é da ganância política e do silêncio de todos. Da covardia que assola a administração pública. Do vereador ao presidente da república. A violência política ultrapassou todos os limites da vergonha. A preocupação com o próprio umbigo é tamanha, que os caras-de-pau sequer se constrangem quando enfiam os maços do fétido dinheiro em meias e cuecas na frente dos seus corruptores. Parecem um bando de esfomeados que entraram de penetra numa festa de aniversário, e querem levar tudo que puder nos bolsos. E ainda rezam em agradecimento, como se estivessem agradedendo a deus na mesa do jantar pelo alimento conseguido com o suor do trabalho.

Outro dia eu conversava sobre tudo isso com uma pessoa bastante esclarecida e profissionalmente bem sucedida. Me impressionou o modo como ele defendia as políticas destes e de outros governos. Quando eu disse que a solução era simples, que bastava boa vontade política para tirar 100% das crianças das ruas e colocar em escolas de período integral, permitindo assim que seus pais pudessem trabalhar sabendo que, independente do seu sucesso, seus filhos teriam melhores condições. Esta pessoa falou prontamente: “não é bem assim. Não é tão simples assim”.

Ora! Difícil é engolir um escândalo político atrás do outro. Duro é ver presidente deposto voltar ao senado a bordo de helicóptero cor-de-rosa. É saber que o filho do filho do Brasil, por sorte, virou um dos maiores latifundiários do país. E ver que o patrimônio do governador dos panetones aumentou em 1000% depois que entrou na vida pública. Isso sim não é uma tarefa simples para mim.

E se esse texto indigesto lhe deixou com náuseas. VOMITE! Coloque para fora nas urnas em 2010. Não engula candidatos que tenham qualquer tipo de suspeita de corrupção ou ilicitude. Perca cinco ou dez minutos fazendo uma pesquisa sobre o passado do candidato que pretende votar. Não deixe se levar por candidatos apoiados por um filme que custou, direta ou indiretamente, trinta milhões de reais aos cofres públicos. Valor três vezes maior do que qualquer outra produção do cinema nacional. E que, coincidentemente, será lançado no ano da sucessão presidencial. Mude. Troque os que já tiveram suas chances e nada fizeram, por outros que nunca estiveram lá. E se ninguém lhe demonstrar confiança, não vote em ninguém. Deixe claro que você não aguenta mais o erro ou a conivência.

Agora, se este texto não significou nada para você por que não sabe ler, é bom se comportar direitinho. Caso contrário terá que entregar parte do que arrecadar no sinal para algum político para que ele não lhe tire o ponto.

FELIZ NATAL E, SE POSSÍVEL, UM BOM E PRÓSPERO 2010...
Bastardos inglórios

Tá tá tá! Vou escrever sobre a ridícula participação do Coritiba (Coxa) no campeonato brasileiro de 2009. Mas antes, peço que guardem bem este ano na memória, pois serão cobrados toda vez que questionados sobre um tal time que no ano do seu centenário demonstrou tamanha mediocridade.

Foi medíocre em campo a maioria dos jogos disputados. Foi medíocre e pouco honesto nos bastidores quando a sua diretoria não foi capaz de deixar o ego e o bolso de lado, para montar uma parceria forte, um time a altura dos seus cem anos de gramado. Foram medíocre os marginais travestidos de torcedores que acham que a descabida violência resolve alguma coisa.

Como torcedor eu estaria chateado se o time tivesse se esforçado para não cair e mesmo assim tivesse terminado com o rebaixamento. Mas nem isso os jogadores fizeram. Ficaria chateado se os dirigentes tivessem entrado em campo com o time desde o início da temporada, mas mesmo assim o time tivesse tido o azar de arbitragem ou qualquer outro fator que culminasse no rebaixamento. Mas nem isso a diretoria fez pelo meu time. Ficaria chateado se tivessemos perdido de cabeça erguida e com esportividade. Mas uma porção de bandidos manchou com sangue a bandeira do time e toda a imagem de uma cidade que se diz de primeiro mundo.

Isso pouca coisa muda na minha vida. Não fui atingido por nenhuma bomba e continuarei trabalhando e vivendo como sempre fiz. Mas espero que o próximo ano seja bem difícil para dirigentes, jogadores e os marginais que protagonizaram este espetáculo às avessas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Futebol de primeiro mundo

O Brasileirão 2009 deu aos amantes do futebol, e também, aos profissionais de imprensa e da bola, uma verdadeira lição este ano. Se fizermos um balanço de tudo que aconteceu, vamos notar que o país do futebol precisa, e muito, deixar de produzir apenas bons jogadores e preparar bons administradores. Melhorar a qualidade da nossa arbitragem. Educar melhor nossos torcedores. Punir com o esquecimento os cartolas que ainda deixam de lado o clube e só lutam por poder.

Não falta muito. Talvez, apenas acreditar que é possível. Grandes nomes do futebol brasileiro estão voltando do exterior. Ronaldo, Adriano, Marcelinho Paraiba, Ricardinho... Ok. Voltaram porque o futebol no exterior não permite a má conduta, a falta de preparo físico e a idade avançada. E não permite porque o futebol fora daqui é tocado por administradores e marketeiros que querem ver resultados. Que querem casa cheia o ano todo.

Um grande amigo de imprensa resume o futebol brasileiro numa frase fantástica: “é difícil torcer para time pequeno”. Ele tem toda razão. Pegamos o exemplo do centenário Coritiba (o Coxa). Campeão Brasileiro em 1985. Um time com estádio próprio e com uma torcida que proporciona o espetáculo da última rodada, o green hell (inferno verde). 25 mil torcedores apoiando o time contra o Atlético Minieiro que ainda lutava pelo título, mas não suportou a pressão da torcida. O Atlético Paranaense, campeão brasileiro de 2001 numa brilhante campanha de marketing e um perfeito campeonato. O clube pioneiro no conceito de estádio moderno no Brasil. Vai sediar partidas da Copa do Mundo de 2014. Os times não tem força política e tão pouco dinheiro para suportar uma temporada tão longa. O que se vê são brigas internas de cartolas e pouco se faz para que os times lutem por títulos.

Por outro lado, todo ano vemos, pelo menos um time pequeno mostrando que é possível conquistar um título, uma vaga na libertadores. Em 1985, o coxa conseguiu. Em 2001 o Furacão. Este ano tivemos a brilhante atuação do Avaí. Já tivemos na luta pelo título o São Caetano, o Goiás, os times do norte e nordeste do Brasil, que dão show em termos de superação e público.

Faltam políticas de equilíbrio no futebol brasileiro. Todo mundo sairá ganhando se o campeonato for competitivo para todos os 20 times da série A .Vamos acabar com a cartolagem. Vamos acabar com os erros maldosos da arbitragem. Com a violência das torcidas organizadas e, principalmente, com o conceito de favoritismo de todo time de marca contra os pequenos de sem etiquetas. Viva o melhor e mais mal adminsitrado futebol do mundo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A revolução de saia curta

O que mais chamou a atenção no episódio da Uniban não foi a garota loira, e gordinha, usando um vestido curtissimo e brega. Tão pouco a atitude da universidade em expulsar a garota por isso. Homens e mulheres de péssimo gosto para se vestir tem aos porres por aí. Educadores que abrem faculdades apenas com propósito financeiro e, portanto, despreparados para lidar com situações educacionais, também não são nada incomuns. O que mais chamou a atenção nisso tudo foi o comportamento dos demais alunos.

Inicialmente eu vi ali uma grande hipocrisia coletiva. Aliás, que a carapuça poderia sair dos corredores da uniban e viajar por muitas cabeças mundo a fora. Mas esta semana um amigo revolucionário, cuja inteligência e visão estão sempre um passo a frente, levantou outra hipótese. Este meu amigo viu e ouviu naquela ocasião, jovens clamando por uma causa. Por algo qualquer que eles pudessem protestar, gritar se manifestar. Por algo que os iguale aos seus pais e tios que enfrentaram a ditadura. Por algo que os compare aos seus avós que viveram a guerra. Quando eles gritavam: VADIA!! VAGABUNDA!! Eles queriam dizer: “ÃO ÃO ÃO, ABAIXO A CORRUPÇÃO! CHEGA DE TANTA BANDALHEIRA NA POLÍTICA!! FORA SARNEY!!

A geração que faz maior número dentro das escolas de ensino médio até o ensino superior nasceu a partir da década de 80, depois do último grande evento político que foi a ditadura. E isso já faz mais de duas décadas.

O mesmo ocorre em estádios de futebol. Pessoas, aparentemente, normais. Estudantes, profissionais, pai de família, irmão, filho, etc. Todos se tranformam ao primeiro grito pelo time. Ignoram que do outro lado pode estar um colega de trabalho ou um vizinho. Desprezam o fato do outro ser, também, uma pessoa normal, estudante, profissional, pai de familia, irmão... Lutam como se estivessem derrubando algo que os oprime. Descarregam uma ira contra sei lá o que ou quem.

Talvez o cubano tenha razão. Falta-nos uma causa para lutar. Homens e mulheres com mais de 12 anos já são capazes de entender que são mais inteligentes e corretos do que essa matília velha que circula pelo poder. Que pouco ou nada fazem para mudar a desigualdade humana. Que apenas lançam mão de projetos que atendam suas apirações de carreira pública. Sem perceber, esses jovens vão se enchendo desse discurso barato e fora de moda. E já que revolução está fora de moda, acabam soltando seus demônios em ações descabidas como as brigas de torcida, os ataques racistas e protestos infundados como este contra a garota loira com vestido curto e cafona. Aposto que, após enxovalharem a menina, todos foram para algum dos muitos bares em volta da faculdade para beber e comemorar a vitória. Como faziam os soldados após as batalhas, ou os rebeldes após os confrontos contra os milicos. E viva a revolução de armas portáteis com três ou quatro gigas de memória...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Mais respostas, menos perguntas

A administração pública é reflexo da participação da sociedade e da atuação da imprensa na sociedade. A primeira pouco faz. Quando muito, se indigna quando a segunda denuncia algo. Ultimamente não tem passado disso. O problema é que muitos veículos, ou estão comprometidos com alguma gestão pública ou o jornalista tem medo de questionar, de apertar o político, o policial ou quem quer que seja. Alguns repórteres vivem a reclamar que fulano ou ciclano nunca fala com a imprensa. Mas, quando fala, fica um jogo de perguntas medrosas e respostas perdidas. Ninguém aperta. Quase nunca se ouve: “deputado, não foi isso que eu lhe perguntei. O senhor pode ser mais objetivo na sua explicação? É mais comum ouvir: “vereador, onde foi parar o dinheiro? Veja bem, o jogo é duro, truncado, adversário forte, bla bla bla...”

Tomamos por base um caso recente. A chacina da vila Icaraí, uma favela de Curitiba, a cidade modelo do país. Dez dias depois que um bando de idiotas atiraram para todos os lados e mataram 8 pessoas, o Secretário de Segurança Pública, Luis Fernando Delazari - que acompanhou as investigações de Nova Iorque - convocou uma coletiva de imprensa para dizer que o todos os responsáveis haviam sido preso, e que não passavam de muleques que não tinham dinheiro nem para comprar crédito para o celular. Que foram encontrados no meio do mato. Mas que o caso estava elucidado e todos estavam presos.

Conspirações políticas ou não, a partir daí os jornais passaram a noticiar crimes violentos em Curitiba e Região Metropolitana. O Secretário foi “convidado” para ir a assembléia legislativa para apresentar os números da segurança pública. Foi aquele vou num vou até que marcou a data. Dois dias antes ele convoca outra coletiva de imprensa para divulgar uma mega operação que prendeu quase 300 pessoas. Um deputado chamou a operação de “nuvem de fumaça”. A imprensa explorou, mas não foi muito longe. A operação foi um tanto estranha mesmo. Não que ela não tenha ocorrido. Mas cinco meses para pegar mil e duzentos quilos de maconha e pouco mais de três quilos de cocaina num estado que é considerado rota do tráfico de drogas no Brasil.

Essa semana, outra coletiva de imprensa. Dessa vez na sede da Divisão de Narcóticos (Denarc). Prenderam três pessoas com armamento pesado, explosivos... coisa que nem o exército tem. De acordo com a polícia, estas pessoas podem estar ligadas ao bando que cometeu os crimes na vila Icaraí, a tal chacina. Mas, espera um pouco. Este caso não havia sido elucidado? Os criminosos não eram um bando de muleques que não tinham dinheiro nem para comprar crédito para o celular? Derrepente o tal “Nardão do Iacarí” passou de muluque para chefe de quadrilha de tráfico de armas pesadas? E aí? É melhor divulgar ou questionar?

sábado, 19 de setembro de 2009

Eu só quero amoras...
Sabe aquelas pesquisas que você só ouve, vê ou lê os resultados? Os jornais divulgam números que, muitas vezes, nos surpreendem e dão conta de uma totalidade brasileira. Porém, nós nunca fomos entrevistados. Pelo menos eu não conheço ninguém que tenha respondido.

Esta semana eu pude comprovar que estas pesquisas não refletem tão bem a realidade. O nosso excelentíssimo Presidente da República, Luiz Inácio LULA da Silva veio a Curitiba para participar da solenidade de posse do primeiro juiz cego do Brasil. Calma!! Não se trata de um juiz qualquer de futebol. Mas sim de um magistrado de verdade. O Desembargador do TRT do Pr, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca. Se bem que eu ainda prefiro o doutor Ricardo apitando os jogos dos times paranaenses contra os paulistas e os cariocas. Mesmo cego ele seria mais justo.

Mas eu comentava que descobri a manipulação das pesquisas. Há tempos que vemos índices acima de 70% de satisfação do povo brasileiro para com o bom e velho companheiro Lula. Eu pergunto: um homem semi-analfabeto que chegou a Presidência da República e lá está por quase oito anos, e que, segundo as tais pesquisas, tem 70% de aprovação, poderia passar despercebido por algum brasileiro com mais de dez anos de idade?

Ao sair da cerimônia de posse do doutor Ricardo – após um discurso redundante que de bom só tinha a demonstração contrária ao preconceito contra pessoas com algum tipo de deficiência -, apenas uma dúzia funcionários dos correios aguardavam a passagem do ex-sindicalista e promotor de greves, Lula, para pedir R$ 300 de aumento no piso salarial. Nós, jornalistas, também aguardávamos na porta da garagem pra ver se algo acontecia. Até que um jovem roubou a cena e coroou a noite.

Havia uma grade de ferro colocada no início da calçada para evitar que as pessoas chegassem próximo ao popular e querido presidente. Uma grade de pouco mais de um metro de altura. Além de policiais militares ao longo de toda a extensão da, digamos, cerca. De repente um jovem, aparentemente com algum tipo de deficiência psicológica, resolveu subir na tal grade. Imediatamente os policiais o impediram. Teimoso, o rapaz tentou outras vezes, e era sempre empurrado para o lado de trás da grade. Até que os policias começaram a ficar irritados e acabaram por irritar, também, o pobre jovem, que começou então a gritar com os PM`s. “ME SOLTA! EU NEM SEI QUEM É ESSE TAL DE LULA. EU SÓ TO QUERENDO PEGAR AS AMORAS. EU SÓ QUERO PEGAR AMORAS!!!.”

O curioso é que ele não estava bêbado ou drogado. Tão pouco estava mentindo. Há na calçada da Rua Vicente Machado, em frente ao Tribunal Regional do Trabalho, um belo pé de amoras. O garoto viu naquele momento uma oportunidade única de pegar as melhores amoras, aquelas que ficam bem no alto e que só poderiam ser alcançadas com a ajuda da grade da segurança do Presidente da República. Foram necessários cinco policiais para impedir que o garoto subisse na grade do presidente para colher as frutas. Mas que mal há em pegar algumas amoras?

Como diz o Luiz Megale nas tardes de sábado da rádio BandNews FM: "É Brasil que não acaba mais..."

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Preso de confiança?

Já que eu voltei vou dividir com vocês a minha completa indignação com a segurança pública no meu estado, o Paraná. A situação das nossas delegacias é simplesmente RIDÍCULA. Celas superlotadas e fugas são constantes. E pior; somos frequentemente motivo de piadas.

Um delegado de Ivaiporã, região norte do estado, fez um acordo com os presos. Para “aliviar” a superlotação da delegacia, que tem capacidade para 50 presos e mantém sob custódia 125 “sujeitos”, o delegado deixa as celas abertas para que os presos se espalhem pelos corredores. A condição era simples: eles não podiam fugir.

Durante um ano o acordo foi respeitado. Porém, nos últimos dias os presos se tocaram que eles são criminosos. E criminosos não respeitam acordos com a lei. Então começaram as fugas. Na primeira leva foram três. Só para testar o acordo. Como a fuga não deu em nada e acordo continuou, no último fim de semana, a debandada foi maior. 14 bandidos renderam um preso de confiança no momento em que ele levava pães para as celas, e saíram tranquilamente pela porta da frente. Opa! Pera lá! Preso de confiança?

Se eu parasse de contar aqui já seria uma notícia que ridiculariza a atual gestão da segurança pública no estado. Mas o pior ainda está por vir.

Como eu estava de plantão na rádio neste domingo, entrei em contato com a delegacia de Ivaiporã para saber mais detalhes da fuga, e possíveis recapturas. Para minha surpresa, eis que atendeu a ligação o tal preso de confiança. E bota confiança nisso heim. Acredito que o preso deva até buscar os filhos do delegado na escola. Aliás, se o preso atende ao telefone, imagino que ele, também, deva efetuar ligações quando bem entender. Afinal, pra quê se arriscar tentando entrar com celular na cadeia se basta ser preso de confiança pra ligar do telefone fixo, da mesa do delegado, e melhor, por conta do povo.

Eu fico me perguntando o quê ainda mantém o senhor Luiz Fernando Delazari à frente da Secretaria Estadual de Segurança. O quê ele tem de tão especial que o senhor Roberto Requião, governador do estado, não mexe nesta pasta. Duas opções: os lindos olhos ou o rabo preso.

Por muito menos, um confronto entre policias militares com arruaceiros sem terra no interior do Rio Grande do Sul, o comandante da PM e o Secretário de Segurança daquele estado foram imediatamente substituídos. Mas aqui no Paraná não. Aqui vale a lei da arrogância. Vale a falácia do governador na tal “escolinha de governo” toda terça-feira na tv educativa. Enquanto eles ficam pintando e fazendo bonecos com massinha na escolinha, o povo balança a cabeça com o nariz torcido a cada situação ridícula que temos que engolir.