quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A criança que mordeu o cachorro

Essa foi uma das primeiras lições que eu recebi na faculdade de jornalismo. “Quando um cachorro morde uma criança não é notícia. Porém, uma criança morder um cachorro é manchete de capa”.

Recentemente, já como jornalista profissional, com diploma, DRT e pouco mais de três anos de atuação, recebi esta mesma lição, porém na prática e da pior maneira.

Ao indicar a uma colega, pauteira de uma das principais emissoras da televisão brasileira, a cobertura de um congresso que reuniu, em São Paulo, mais de 1,2 mil professores do ensino fundamental público e privado, com o objetivo de ouvir e discutir com grandes nomes da educação nacional e internacional, os problemas e as soluções do ensino fundamental. Estudiosos renomados como o “setentão” Celso Antunes que conta com mais de 50 anos de sala de aula e pesquisas de educação. A “oitentona” Thereza Penna Firme que há mais de seis décadas forma professores e alunos, além de convidados especiais de Portugal e de Cuba. Eis que esta colega, visivelmente sentida me respondeu que achava a pauta muito interessante, mas que, “infelizmente não poderia cobrir por falta de equipe, pois todo seu efetivo estava de plantão no confronto da favela Paráisópolis, em São Paulo, e no caso de um grupo de extermínio de Taboão da Serra, na grande São Paulo”.

Eu vou interromper este texto mesmo inacabado, propondo que você, leitor, tire suas próprias conclusões a respeito...

...Não! É óbvio que não conseguiria deixar de expurgar meu entendimento dessa lição real de jornalismo. Vivemos um tempo em que tudo tem que ter muita graça ou muita violência – ou os dois -. As redações não têm mais espaço para informar algo que leve a população a EVOLUÇÃO. Mostrar a educação na televisão, no jornal do horário nobre seria a mesma coisa que contar a história do cachorro que mordeu o a criança. Parabéns imprensa brasileira, por mostrar ao povo que é mais importante – e divertido - promover o caos do que a educação.