Estética da alma
É estranho pensar que as pessoas estão cada vez mais aficionadas pela perfeição estética. Se eu bem me recordo, até boa parte do século XIX o padrão estético era o oposto do exigido hoje, ao menos para as mulheres. Cuidados com a beleza era coisa de homem, e apenas para os membros da alta nobreza. Mulheres deviam ser gordas, muitas delas tinham buços assustadores e, ao que reza a história, raramente cheiravam a channel n5. A elas restavam apenas os suntuosos vestidos.
Com a libertação feminina, o abandono do desconfortável espartilho e a fogueira de sutiens, as mulheres descobriram a feminilidade dos detalhes. E como detalhe é uma coisa pequena a ser observada, quanto menor mais diferença faz.
Primeiro elas fecharam a boca e emagreceram, e estipularam que quanto menos pesassem mais atraentes seriam. Interessante é que elas tinham uma forma de comunicação tão eficaz quanto a internet dos dias atuais, pois cem por cento delas aderiram a primeira regra da beleza feminina moderna.
Em seguida, já com corpos magros e muitos anos de longos tecidos a frente, elas começaram a que seria a regra mãe da beleza até os dias atuais. Corpos pequenos imploraram por poucas roupas, biquínis quase invisíveis, micro saias, camisetinhas e shortinhos que mais parecem peças íntimas. Um verdadeiro banquete real para os glutões mal saídos do machismo imperial.
Repentinamente, um peso coletivo na consciência feminina vulgarizou o guarda-roupa delas e jogou fora boa parte das mini-peças, abrindo espaço para novos e fluídos figurinos.
Então um efeito interessante aconteceu no clube global feminino, e um novo código estético se instaurou. Beleza perfeita a partir de então deveria ter um acessório liquido gelatinoso aplicado aos bustos, normalmente caros e feitos por médicos, e quanto maiores mais belos. Sim! Estou falando do maravilhoso código dos silicones que trouxe, de carona no nécessaire, o botox.
Bobos os estudiosos conservadores de comportamento que achavam que o estica, puxa e implanta das peles era o ápice da busca pela perfeição estética feminina. Se os médicos encontraram uma nova e rentável oportunidade de consumo, por que os dentistas ficariam de fora. Então, num país de milhares de desdentados, seiscentos mil brasileiros já pagaram entre R$ 20 e R$ 30 mil para raspar parte dos seus dentes e colocar uma espécie de capa perfeita de dente, algo similar a uma unha postiça que tem o nome de “faceta de porcelana”. Próximo a me render ao clareamento dental a fim de ficar com dentes de propaganda de creme dental, fiquei ultrapassado.
Como estou no início das minhas pesquisas de comportamento e não sou nada conservador, começo a pensar que, em se tratando de busca pela perfeição estética, estamos caminhando para dentro do corpo. Em breve não será necessário pedir a Deus que perdoe nossos pecados e salve nossas almas, será mais fácil deixá-la perfeita antes de morrer, e assim conquistar o paraíso salvo e belo.
É estranho pensar que as pessoas estão cada vez mais aficionadas pela perfeição estética. Se eu bem me recordo, até boa parte do século XIX o padrão estético era o oposto do exigido hoje, ao menos para as mulheres. Cuidados com a beleza era coisa de homem, e apenas para os membros da alta nobreza. Mulheres deviam ser gordas, muitas delas tinham buços assustadores e, ao que reza a história, raramente cheiravam a channel n5. A elas restavam apenas os suntuosos vestidos.
Com a libertação feminina, o abandono do desconfortável espartilho e a fogueira de sutiens, as mulheres descobriram a feminilidade dos detalhes. E como detalhe é uma coisa pequena a ser observada, quanto menor mais diferença faz.
Primeiro elas fecharam a boca e emagreceram, e estipularam que quanto menos pesassem mais atraentes seriam. Interessante é que elas tinham uma forma de comunicação tão eficaz quanto a internet dos dias atuais, pois cem por cento delas aderiram a primeira regra da beleza feminina moderna.
Em seguida, já com corpos magros e muitos anos de longos tecidos a frente, elas começaram a que seria a regra mãe da beleza até os dias atuais. Corpos pequenos imploraram por poucas roupas, biquínis quase invisíveis, micro saias, camisetinhas e shortinhos que mais parecem peças íntimas. Um verdadeiro banquete real para os glutões mal saídos do machismo imperial.
Repentinamente, um peso coletivo na consciência feminina vulgarizou o guarda-roupa delas e jogou fora boa parte das mini-peças, abrindo espaço para novos e fluídos figurinos.
Então um efeito interessante aconteceu no clube global feminino, e um novo código estético se instaurou. Beleza perfeita a partir de então deveria ter um acessório liquido gelatinoso aplicado aos bustos, normalmente caros e feitos por médicos, e quanto maiores mais belos. Sim! Estou falando do maravilhoso código dos silicones que trouxe, de carona no nécessaire, o botox.
Bobos os estudiosos conservadores de comportamento que achavam que o estica, puxa e implanta das peles era o ápice da busca pela perfeição estética feminina. Se os médicos encontraram uma nova e rentável oportunidade de consumo, por que os dentistas ficariam de fora. Então, num país de milhares de desdentados, seiscentos mil brasileiros já pagaram entre R$ 20 e R$ 30 mil para raspar parte dos seus dentes e colocar uma espécie de capa perfeita de dente, algo similar a uma unha postiça que tem o nome de “faceta de porcelana”. Próximo a me render ao clareamento dental a fim de ficar com dentes de propaganda de creme dental, fiquei ultrapassado.
Como estou no início das minhas pesquisas de comportamento e não sou nada conservador, começo a pensar que, em se tratando de busca pela perfeição estética, estamos caminhando para dentro do corpo. Em breve não será necessário pedir a Deus que perdoe nossos pecados e salve nossas almas, será mais fácil deixá-la perfeita antes de morrer, e assim conquistar o paraíso salvo e belo.