segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Experiência

Eu já havia feito muitas coisas importantes. Porém, a minha primeira grande experiência foi, aos dez anos de idade, a construção da minha primeira pipa.

Todo o cuidado e delicadeza para não quebrar as varetas durante a envergadura, ou para não rasgar o papel de seda no momento da colagem. Por fim, ver o meu primeiro grande feito decolando e se exibindo no céu azul a mais de cem metros de altura foi sensacional.

Como citei, já havia feito outros papéis. Por duas vezes eu havia roubado cena. Uma como árvore, e outra como nuvem, em peças teatrais da escola. Não eram os papéis principais, mas eu os fiz como se tivessem sido escrito com o empenho sheakespeareano para o papel do Romeu.

Eu tive uma infância repleta de experiências. Aos onze anos eu freqüentava um bom clube de lazer em Curitiba, onde eu e a maioria dos meus amigos fazíamos parte da escola de futebol de salão. Dali saíram verdadeiros craques do futebol profissional atual. Nomes como Tcheco, atual capitão do Grêmio, e Ricardinho, ex-lateral da Seleção Brasileira de Futebol.

Mas eu não queria ser um craque. Eu queria EXPERIMENTAR. Não é por acaso que as palavras experiência e experimento fazem parte do mesmo grupo. Eu experimentei tudo que estava ao meu alcance. Saí do futebol e fui experimentar o judô, depois o taekwondo, a natação, o tênis de mesa e até o grupo acrobático de saltos ornamentais.

Hoje ainda mantenho o hábito de experimentar coisas novas, novos conhecimentos, conceitos, etc, etc, etc. Depois de certo tempo, experimentar já não é apenas um prazer pela descoberta do desconhecido. As experiências deixam de habitar as nossas lembranças e passam a fazer parte do nosso curriculum vitae.

Ainda assim eu continuei experimentando. Voltei aos palcos e, pasmem, não mais como nuvem ou árvore, mas como o senhor Eduardo, um personagem pastelão e galã dos anos vinte, criado pelo saudoso escritor Artur Azevedo, no livro O Mambembe. Entrei em uma universidade e, mais importante, saí dela formado. Me apaixonei, namorei, magoei, fui magoado, errei e acertei. Fiz um curso de especialização e realizei mais um grande feito, um sonho de adolescente. Fiz um curso de pára-quedismo e atualmente já conto com 150 saltos.

Trabalhei em muitos, e bons, lugares. Conheci cem por cento das capitais do meu país. Fui liderado por bons, e ruins, líderes. Fui líder em algumas ocasiões. Tive alguns fracassos e decepções, mas o saldo é, sem dúvida, de mais de cases de sucesso e, acima de tudo, grandes experiências e muito aprendizado.
Obviamente eu tive muito mais experiências que não puderam ser apresentadas neste texto. Mas acredito fielmente que viver estas três décadas neste mundo veloz e em constante evolução foi a experiência mais interessante da minha história.