sábado, 9 de maio de 2009

Pérolas do Requião

O governador do Paraná, Roberto Requião, entregou esta semana mais uma porção de celas modulares no Complexo Penitenciário de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. São celas construídas dentro do complexo, para aumentar a capacidade de presos e – tentar – desafogar as superlotadas delegacias. Cada cela tem capacidade para 12 presos, mas não me admira se logo tivermos que noticiar a superlotação nestas celas também.

Naturalmente, todo o evento que envolve o governador do estado está cheio de jornalistas. Afinal, esse é o nosso dever junto à sociedade: informar o que pode interferir, de alguma forma, na vida das pessoas. Agora, quando se trata de Roberto Requião, a cobertura jornalística sempre espera um showzinho paralelo ao tema central do evento. Relatos de que o atual governador do estado agride verbalmente, e até fisicamente, jornalistas que fazem perguntas que ele não gosta são comuns nos corredores da imprensa paranaense.

Enfim, eu tive a minha primeira experiência real de conferir a fama de “louco” do ilustre governador Roberto Requião. Já no primeiro bloco de perguntas, um repórter o questionou se o estado iria por em dia as sentenças paradas nas mãos dos juízes, que lotam as delegacias e casas provisórias de detenção por conta da morosidade nos processos. Tive até certa “pena” do pobre repórter. Por um momento eu achei que ele iria apanhar do governador. Mas ficou apenas na agressão verbal e na interrupção das perguntas. A cena foi curiosa porque contava com a ajuda do cenário. Imagina um governador saindo de dentro da cela de uma penitenciária e atacando um repórter. No mínimo inusitado, infelizmente.

Porém, como o melhor sempre fica para o final do espetáculo, Requião não podia deixar por menos. Antes de entrar no carro para sair do cadeião, o governador fez o seguinte comentário em frente a dezenas de jornalistas: “os jornalistas deveriam ficar um tempo trancados dentro dessas novas celas para fazer uma boa matéria”.

Mesmo com as pernas trêmulas, morrendo de medo de apanhar do governador, eu não me contive e rebati imediatamente com a pergunta: “o senhor ficaria junto conosco, governador?”.

Confesso que, antes mesmo de terminar a pergunta, pensei em começar a correr. Mas para a surpresa de todos, principalmente a minha, ele respondeu sereno: “Eu não! Mas tem muito governador por aí que ficaria”.

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