sábado, 9 de maio de 2009

Médico escreve mal, e fala pior ainda

Atire a primeira pedra aquele que nunca xingou (pela costas ou mentalmente) um médico quando foi tentar ler a receita que ele entregou ao fim da consulta. Qual é a dificuldade de redigir três ou quatro frases (que é o máximo que eles escrevem numa receita) com uma grafia decente?

A discussão sobre a caligrafia dos médicos nas receitas aplicadas aos pacientes é bastante antiga. Arriscaria dizer até que é de propósito. Uma espécie de bandeira dos profissionais de avental branco.

Porém, no Paraná, a Vigilância Sanitária multou três médicos pelos seus garranchos em receituários. Ótima atitude para baixar um pouco a crista dos doutores que, diga lá, podiam dormir sem essa se respeitassem um pouco mais as pessoas. Já é difícil ler o nome e as características dos medicamentos na própria bul, dado ao teor científico aplicado no texto, imagina tentar ler por meio de rabiscos.

Agora, o mais curioso no caso destes médicos multados no Paraná, foi o comentário em defesa própria de um deles. Um médico do Sistema Único de Saúde (SUS), que foi denunciado pelo próprio posto de saúde onde trabalha, declarou que “tanto faz a forma como ele venha a redigir as receitas, uma vez que os pacientes do SUS são todos analfabetos”.

Vou recorrer ao saudoso poeta Mario Quintana, que disse num anúncio para uma feira literária: “o verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê”. No caso do médico sabidão, aprendeu a escrever, e não escreve. Perdeu uma ótima oportunidade de ficar de boca fechada não doutor? Ou como diria um certo chefe de estado: ¿por qué no te calla?

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