quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Tudo que é bom custa caro?

Não me contenho em discutir constantemente a qualidade do atendimento nas mais diversas áreas de consumo no Brasil. Parece algo simples e, quase sempre, passa despercebido no nosso dia-a-dia. Apenas nos lembramos dessa palavrinha quando temos que lidar com alguma situação que envolva um call center de uma grande empresa, as de telefonia móvel principalmente. Só aí percebemos como seria bom ser bem atendido.

Parte da culpa do péssimo atendimento que recebemos é nossa. Quem é que presta atenção no atendimento das dezenas de coisas que consumimos diariamente? O atendimento do Leomar da portaria do nosso condomínio. A forma como o seu Joaquim da padaria nos atende. O guarda de trânsito e o policial militar (sim, eles estão ali para nos atender, somo pagadores dos serviços que eles prestam). Enfim, do início ao fim do dia nos deparamos com dezenas de atendimentos pagos que deveriam ser dignos de reis e rainhas, independente do preço ou do requinte do lugar.

Por falar em preço, quero dividir um caso com vocês. Vejam! Um caso e não um causo. Estava eu numa reunião com uma cliente no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Sentamos na praça de alimentação em frente a um dos mais antigos restaurantes deste aeroporto e, prontamente, um garçom veio nos trazer o cardápio. Apesar de ter sido por volta das 13 horas, nossa intenção não era comer, mas sim, de conversa sobre negócios. Porém, como já estávamos ali naquele ambiente gastronômico, decidimos que deveríamos aproveitar para comer, e resolvemos ver o cardápio.

A estranheza de ambos ao olhar o cardápio foi os preços aplicados aos produtos. Um buffet ao custo de R$ 45, e um sanduíche do tipo beirute por R$ 25. Tudo bem, já paguei muito mais caro para almoçar ou jantar, e também para comer sanduíches. Mas por algum motivo especial do prato, por uma ocasião especial, etc. Ali, tratava-se apenas de um restaurantezinho comum de aeroporto. Não havia motivo algum para superfaturar um prato ou um sanduíche simples.

Mas o nosso tema é atendimento, e á aí que eu fiquei mais surpreso. Quando falamos para o garçom que os preços do cardápio estavam muito altos, e que iríamos escolher outro lugar para comer, eis que ele soltou o verbo da forma mais irônica que vocês possam imaginar, e disse: “tudo que é bom custa caro”.

Não pude me conter neste momento mágico para quem vive de estudar e promover as melhores práticas de negócios. Olhei para o pobre garçom e lhe respondi mais ironicamente ainda: “Pois é. E talvez seja por isso que vocês estão com todas as mesas lotadas, enquanto os seus vizinhos concorrentes estão às moscas”. O pobre homenzinho de branco e preto rodou os olhos no restaurante em que estava e esticou o olhar até os concorrentes, e notou que quem estava às moscas era o restaurante dele.
É incrível como no Brasil ainda se faz essa analogia em relação à qualidade x alto custo. Bem fazem os chineses que, tirando os problemas internos de trabalho escravo e outros aspectos sociais, entenderam que pode, e deve existir qualidade em produtos de baixo custo. Ao nosso empresário, resta o costumeiro choro e a eterna busca de um culpado.

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