segunda-feira, 20 de outubro de 2008

As coisas seriam assim

Outro dia o mundo passou por uma transformação sem precedentes. As pessoas acordaram com uma notícia fantástica. Um único líder havia tomado posse do mundo. Um líder diferente. Uma espécie de Robin Hood dos tempos modernos. Este salvador tomou posse com uma promessa curiosa e com inquestionável apoio da maioria das pessoas do mundo.

O grande plano do novo líder mundial foi um “corralito” global. A partir desta data, todos os cidadãos do mundo deveriam depositar todo o seu patrimônio numa única conta, obviamente, em nome deste líder. De posse dessa imensurável riqueza, ele determinou que seus assessores levantassem o número exato de pessoas que habitam o mundo. Sem distinção alguma. Cultos e analfabetos. Abastados e miseráveis. Loucos e executivos. Virgens e prostitutas. Monges e ladrões. Bispos e políticos. Todos. A quantidade exata de seres humanos que habitam o planeta terra.

Com esses números em mão eis a grande sacada do novo líder mundial. Ele dividiu em partes iguais entre todos os humanos. Cada centavo. Inclusive ele próprio. A partir deste dia todos eram financeiramente iguais.

Euforia geral. Os ex-desprovidos aclamavam o nome do líder, e comemoravam num gigantesco carnaval a suas novas vidas de abastagem. Os ex-ricos ficaram confusos. Uma mistura de frustração por ter perdido tudo que, de alguma forma, conquistaram, com uma sensação de esperança de vida num mundo melhor, igualitário, justo e sem violência.

No dia seguinte a divisão, curioso que sou, saí às ruas observando como se comportavam os novos seres humanos. Conversei com o maior número de pessoas que pude encontrar. Queria saber o que fariam, principalmente os ex-pobres, com seus novos e inusitados dinheiros.

_ Vou viver uma vida de rei, dizia um ex-mendigo.
_ Eu vou comprar um carrão, gritava o ex-flanelinha.
_ Eu vou viajar, conhecer lugares incríveis, suspirava a ex-doméstica.
_ Vou comprar a casa dos meus sonhos, choramingava a dona de casa.

Quanto tempo levaria para o dinheiro voltar às mãos dos seus donos iniciais, e as coisas voltarem como antes?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Uma epidemia de hipocrisia

Eu tenho recebido muitos e-mails de leitores falando sobre o presente e o futuro do comportamento das pessoas no mundo. Um deles, semanas atrás, de uma leitora brasileira que reside em Israel, me perguntava o que eu considerava pior na sociedade atual: a violência urbana, a guerra, a pobreza ou a devastação ambiental?

Eu costumo responder todos os e-mails que eu recebo. Porém, esta leitora me pôs em cheque imediato. Na ocasião respondi apenas que me desse um tempo para refletir cada um dos problemas por ela citados, a fim de não responder por emoção ou impulso.

Desde então, eu tenho observado cada acontecimento envolvendo estes quatro fatores, e suas conseqüências na sociedade.

Violência Urbana – Presente em todos os países. Alguns com menor índice e outros, como o Brasil, com números e casos alarmantes. O que se faz para combater: Discurso.

Guerra – seja ela civil ou militar, por ser de grande poder de destruição, este fenômeno atinge o mundo todo se instalando em pontos chaves e vulneráveis dos continentes. O que se faz para combater: Discurso.

Pobreza – Este preserva alguns países, mas ofende o mundo todo de tão vergonhoso que é, e pela tamanha diferença social entre os indivíduos. O que se faz para combater: Discurso

Devastação Ambiental – Este tema eu posso resumir em três frentes: poluição, desmatamento e geração de lixo. O que se faz para combater: Discurso.

Depois desta análise eu cheguei a uma conclusão e resolvi responder o e-mail da leitora publicamente através deste texto. Na minha opinião, nenhum destes problemas é o maior. A meu ver, o maior problema da sociedade atual é a HIPOCRISIA.

Se você está lendo este texto, concordando e, automaticamente, condenando os governantes por tanta hipocrisia. Desculpe desaponta-lo (a), mas esta epidemia atingiu todos nós. Crianças, velhos, jovens, mulheres, homens, ricos, pobres, negros, brancos, índios....TODOS!

Reflita se cem por cento das suas atitudes conferem com seu discurso.

*Se você leu o texto anterior, pode achar que estou sendo repetitivo quanto ao tema “hipocrisia”. Sim, estou. Foi o texto anterior que me levou a resposta deste.